Fabiano Martins de Medeiros

Rodovia concedida, estrada segura

Fabiano Martins de Medeiros
Diretor-superintendente da Ecosul

A história se repete: uma estrada bem conservada, bem sinalizada, com pavimento em boas condições, serviços de socorro médico e guincho deixa de ser concedida à iniciativa privada. Um tempo depois, o que se vê nessa mesma estrada são buracos, falta de conservação, péssima sinalização, um número cada vez maior de acidentes graves, com óbitos, e a oferta de menos serviços aos usuários da via.

Já vimos várias situações assim. Uma delas foi muito bem lembrada recentemente aqui neste mesmo jornal. Eu me refiro à BR-293. A rodovia, conforme destacou o DP, "desde que deixou de ser concedida à Ecosul, em 2015, raramente recebeu algum tipo de manutenção ou melhoria significativa (...) um grande problema para os motoristas, obrigados a circular por um asfalto precário e mal sinalizado".

Outro exemplo vem do Paraná, em um importante corredor logístico, a BR-277, que possui um trecho que conecta a capital Curitiba ao Porto de Paranaguá, segundo maior porto público do Brasil. Sem concessão desde novembro de 2021, essa rodovia apresenta diversos problemas de manutenção. Chegou, inclusive, a ficar totalmente bloqueada em função de um deslizamento de encostas na região da Serra do Mar.

A mais recente pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Transporte (CNT) indicou que 22 das 25 melhores rodovias do Brasil são concedidas à administração privada. Segundo esse mesmo levantamento, em relação ao Polo Rodoviário Pelotas, administrado pela Ecosul, o trecho da BR-116, entre Camaquã e Jaguarão, é considerado bom em todos os quesitos: estado geral, pavimento, sinalização e geometria.

Em outro estudo, esse de satisfação dos usuários do Polo Rodoviário Pelotas, cumprindo determinação da Agência Nacional de Transportes Terrestre (ANTT) para que tal pesquisa seja feita a cada dois anos, a nota média de avaliação dos serviços _ incluindo ações como guincho, socorro mecânico e atendimento médico, por exemplo _ foi de 8,0.

A má condição do pavimento é sinônimo de prejuízo à economia, pois gera um aumento de custo operacional do transporte de 32,5% no Rio Grande do Sul, segundo dados da CNT. Isso reflete na competitividade e no preço dos produtos, além de custos adicionais, como manutenção frequente do veículo e aumento do tempo de viagem e do consumo de combustível. Estima-se, conforme a pesquisa CNT, um consumo desnecessário de 87,1 milhões de litros de diesel devido à má qualidade do pavimento da malha rodoviária. Somente no RS, o custo desse desperdício é de R$ 397,36 milhões aos transportadores.

A concessão dos 457,3 quilômetros do Polo Rodoviário Pelotas vai até março de 2026. E o processo para conceder uma rodovia à iniciativa privada é longo e burocrático, o que poderá deixar duas BRs importantes, incluindo a tão relevante estrada que leva ao Porto do Rio Grande, desatendidas por alguns anos, até que um novo processo seja finalizado.

A Ecosul chegou a propor uma prorrogação do contrato, sugerindo reduzir o valor da tarifa, na época, em cerca de 40%, e prevendo uma série de obras nas BRs 116 e 392. Porém, essa proposta não avançou naquele momento. Desde lá, a tarifa segue aumentando, conforme previsto no atual contrato, e as obras sugeridas e tão necessárias não saíram do papel. Mas a empresa estará sempre aberta a sugestões que contribuam com o desenvolvimento da Zona Sul. O mais importante é que BRs tão relevantes para a região não sejam abandonadas para que não sigam o mesmo caminho das BRs 293 e 277.

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